1. Coco verde: herói ambiental ou vilão
oculto?
Estávamos caminhando na
orla da praia, quando paramos para tomar uma água de coco, diretamente do coco verde.
Não há nada mais refrescante e saudável, não é mesmo? Naquele mesmo dia, quando
voltávamos da caminhada, percebemos que havia um caminhão de lixo comum, coletando
dezenas de cocos recém consumidos. Aí veio uma questão: Será que não daria para
aproveitar esse tipo de resíduo?
Com a simples observação
de cenas rotineiras, pode-se identificar problemas ocultos, oportunidades de
negócios e se perguntar: alguém está pensando a mesma coisa?
A curiosidade foi aguçada
e fomos buscar informações sobre o assunto. Nesta publicação vamos falar sobre
os: benefícios do consumo da água de coco “in natura”; os subprodutos do coco
verde; por qual motivo o resíduo do coco verde não aproveitado pode ser um
problema ambiental e de saúde pública, e para finalizar; o que você pode fazer
para reduzir esse impacto ambiental e ao mesmo tempo melhorar a sua saúde.
1.1 Benefícios
Além do prazer de beber a
água fresquinha e doce, também podemos comer a polpa. Dentre os muitos benefícios
encontrados no coco verde (OBA HORTIFRUTI, 2024; GONÇALVES, 2021), destacam-se:
- Excelente fonte de
potássio, nutriente responsável pela saúde cardiovascular.
- Presença de manganês,
que ajuda a melhorar o metabolismo, fortalece os ossos, evita cãibras.
- Ação anti-inflamatória.
- Proporciona a saciedade.
- Ajuda no controle de
diabetes e colesterol.
- Ajuda a controlar o peso.
- O efeito
antioxidante da água de coco, ajuda a combater os radicais livres.
- Presença de nutrientes,
como: potássio, cálcio, magnésio e vitaminas do complexo B.
- Excelente para hidratação
em função do alto teor de eletrólitos.
Na figura 1, é apresentado
um coqueiro anão em plena produção. É só atravessar a rua e colher.
Figura 1 - Coqueiro em
frente de casa. Fonte: Acervo próprio.
Compartilhamos a diversidade
de subprodutos que podem ser obtidos a partir do coco verde (SEBRAE, 2016; OBA
HORTIFRUTI, 2024; MARAFON et al, 2019). O mais comum é simplesmente consumir a
água, ou fazer sucos ou drinques. A polpa nem sempre é consumida, mas pode ser
aproveitada “in natura” ou para fazer sorvetes ou outras receitas doces e salgadas.
Além da água e a polpa do
coco verde, destacamos os seguintes subprodutos mais conhecidos:
- Casca – podem ser
usadas para a geração
de energia térmica pela sua queima sem transformação, ou para fabricar
briquetes, carvão vegetal e bio-óleo.
- Fibra da Casca -
usada para fabricar cordas, tapetes, vasos, palmilhas, colchões, substratos
para plantas e materiais biodegradáveis, entre outros produtos.
- Farinha de Coco –
utilizada na indústria alimentícia.
- Composto Orgânico
(Adubo)
- Óleo de Coco Verde –
usado na indústria de cosméticos e alimentos.
Na figura 2 temos um coco
recém-aberto, após o consumo da água. Percebe-se uma grossa camada de polpa.
Não é um trabalho fácil para ser feito em casa, devido a dureza e grande
umidade do coco verde, exceto se você tiver um facão e local apropriado para
abri-lo, sem risco.
Figura 2 – Dificuldade para
abrir o coco verde. Fonte: Acervo próprio.
1.3 Por
que se incomodar com o descarte incorreto do coco verde?
Quando os cocos verdes
acabam ficando espalhados pelas praias, ou nas calçadas, acabam virando focos
de vetores, como insetos e roedores, e ninguém quer isso, não é mesmo? Então o
que fazer para que tenham a destinação correta?
Os grandes fabricantes, que
industrializam o produto acabam fazendo a reciclagem da casca do coco, por ser
sua obrigação como grande gerador de resíduos. O problema aparece quando os
cocos são enviados para diversas partes do país, que não possuem infraestrutura
para lidar com esse tipo de resíduo, que acaba indo para os aterros sanitários,
levando em torno de 10 anos para se decompor, com o agravante de ser um resíduo
pesado, redondo e resistente, dificultando o transporte armazenamento e
compactação.
Foi promulgada a Lei
federal 14.975, de 18 de setembro de 2024, que Institui a Política
Nacional de Incentivo à Cocoicultura de Qualidade, com isto, pode ser que seja
pensada de forma circular este tipo de atividade, reduzindo os impactos negativos
ao meio ambiente.
Conclusão
Vimos no item “1.2 -
Subprodutos”, a diversidade de usos para o coco
verde. Entretanto, o mais comum é consumir apenas a água. Se você aprecia o
sabor da polpa, e pedir para o vendedor abrir e consumi-la na hora, terá um duplo
benefício: a) a polpa tem alto valor nutritivo, além disso ao comê-la terá uma
sensação de saciedade; b) ao dividir o coco ao meio para extrair a polpa, reduz-se
o peso do resíduo e facilita a sua prensagem, mesmo que vá para a coleta, junto
com o lixo comum.
Por meio dos vídeos dos
links selecionados (link 1:Aproveitamento
da casca do coco verde; link 2: Máquina para processamento
de cascas de coco verde; link 3: Empresário investe no uso da
casca do coco como adubo orgânico ,
é possível conhecer o processo básico de reaproveitamento da casca de coco
verde com poucos equipamentos e produzir pó e fibra de coco, que pode ser
utilizada na produção de adubo orgânico e produção de peças de artesanato, acessórios
diversos e vasos que substituem o xaxim.
Segue o link do vídeo da
música Coco Verde,
de Tarcísio Sardinha e Flávio Paiva, como uma singela homenagem a
todos que de alguma forma, participam do ciclo de produção, consumo ou descarte
do coco verde.
Referências:
Marafon, et al. - Aproveitamento de cascas de coco para geração de energia térmica: potencialidades e desafios – Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2019. Disponível em https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/210127/1/DOC-234.pdf. Acesso em 02 de outubro de 2024.
Oba Hortifruti - Coco
Verde: sugestões para consumir a fruta por inteiro, 2024. Disponível em https://www.obahortifruti.com.br/blog/post/coco-verde-sugestoes-para-consumir-a-fruta-por-inteiro.
Acesso em 01 de outubro de 2024.
Gonçalves, Fabiana – Viva
bem Uol - Da água à polpa: coco sacia e melhora ação do intestino; veja 6
benefícios, 2021. Disponível em https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/08/02/beneficios-do-coco.htm.
Acesso em 02 de outubro de 2024.
Sebrae – O cultivo e o
mercado do coco verde, 2016 Disponível em https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-cultivo-e-o-mercado-do-coco-verde,3aba9e665b182410VgnVCM100000b272010aRCRD.
Acesso em 03 de outubro de 2024.
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